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Sexta-feira, 09 de agosto de 2002 00h44
Entrevista do candidato Garotinho na Globo vira "bombardeio"
RICARDO FELTRIN
Editor de Brasil/Cotidiano da Folha Online

No último dia de entrevistas do "Jornal da Globo", Anthony Garotinho foi o sabatinado de Ana Paula Padrão e Franklin Martins. Assim como ocorreu com os outros candidatos a presidente, a entrevista foi dividida em três blocos, totalizando 20 minutos.

Em sua (lenta) saudação aos telespectadores, Garotinho foi imediatamente avisado por Ana Paula que seu tempo já estava correndo.

Sem alterar o tom de voz (e a velocidade), Garotinho continuou, enquanto o telejornal chegava a sair do ar, tela escura e tudo _por um ou dois segundos. Problema técnico.

Garotinho entregou planos de governo, divididos por setores, aos entrevistadores. Estes, agradecem rapidamente.

Martins abriu a entrevista incisivo: "Se o senhor não consegue nem unir seu partido, como espera ganhar uma eleição?"

"Eu sempre fui um homem de desafios", defendeu-se o candidato do PSB à Presidência da República. Martins insistiu, dizendo que vários candidatos do partido pelos Estados estavam desistindo.

Garotinho rebateu dizendo que não tem dinheiro porque, grosso modo, não tem apoio do "establishment". E fechou com o tradicional otimismo (embora sem fundamento estatístico): "Nós vamos vencer as eleições."

Ana Paula Padrão apresentou documentos. "Tenho documentos...", mostrou sobre a mesa, "contas a pagar deixadas quando saiu do governo do Rio (...) Até conta de padaria tem aqui", afirmou a âncora do "Jornal da Globo".

Garotinho negou. Primeiro disse que os documentos eram inverídicos. Depois, informou que quem tinha de cuidar disso (de pagar as dívidas, em torno de R$ 1,2 milhão) era a secretaria da Fazenda do Rio.

"Deixei no caixa R$ 1,2 milhão", respondeu.
Ana Paula insistiu: "Quando deixou o governo, o senhor tinha pago (as contas)?"

"Mas eu deixei o dinheiro! As contas não estavam vencidas!"

Ana Paula tentou ser irônica.
"O senhor está processando alguém no governo do Rio?"
"Por quê?", indagou Garotinho.
"É que o senhor está dizendo que eles estão mentindo, não seria uma forma legal (um processo) de (questioná-los)?"
"Eles é que têm de provar o que estão fazendo", desviou o ex-governador.

Segundo Bloco
Martins quis saber de onde Garotinho tiraria dinheiro para elevar o salário mínimo a R$ 400 durante seu governo _conforme promessa feita pelo pessebista.

Garotinho diz que, fazendo baixar a taxa de juros, sobrarão recursos. Ana Paula corta, novamente irônica. "O senhor teria de baixar muito juro!" Martins reforça, aparentando indignação. "O senhor vai entrar (no mandato, caso eleito) e derrubar o juro?"

"Cada pontinho a menos (de juros) significa muitos recursos."
Ana Paula: "Mas isso (corte de juros?) já está no osso!"

Novos dados sobre a gestão Garotinho no Rio. "Tenho dados aqui (...) Na minha gestão, a economia do Estado só cresceu e..."

Ana Paula nem o deixa completar _emenda com a questão da violência. Novamente o candidato mal pode se explicar.

"Mas não mudou nada!", afirma ela.

Garotinho rebateu com números: "(...) caiu de 243 sequestros para 32", (durante determinado período etc.)

"Não quero discutir números", corta a âncora do telejornal, que passa a dar exemplos pontuais. "(no seu governo) Mataram a diretora de Bangu"; "Teve aquele bando armado que atacou com ônibus..."

"Na minha gestão eu contratei 13 mil polici...", começa o candidato.
"E não adiantou", trava a jornalista global, que passa a questionar a ação da polícia na gestão do pessebista.

"Lembrei casos de sua administração, já que o senhor é candidato a presidente."

"Sou candidato e ninguém fez mais do que eu..."

Um tanto quieto, Franklin Martins começaria então a fazer sua pergunta, mas também foi cortado. "Deixa eu interromper? Senão não sobra nada para o terceiro bloco."

Terceiro Bloco
Martins pergunta sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, pelo fato de o partido de Garotinho ter ido à Justiça contra a lei.

Ele começa a responder por rodeios, justificando que a lei não deveria entrar imediatamente em vigor, que deveria ter um prazo etc.

Ana Paula muda o foco da entrevista para economia, sua especialidade: "O que tem que mudar no rol dos nossos parceiros (comerciais) preferenciais?"

"O Brasil deve abrir uma relação maior com a Índia, com a China (...)"

"Mas a China é o décimo parceiro", argumenta a jornalista.

"Podia ser o terceiro." (...) "O Brasil não tem um Ministério de Comércio Exterior. A Coréia exporta três vezes mais que o Brasil. Qual a população da Coréia? (responda-me) Você que pergunta tanto..."

Fim. Com essa irônica questão final o candidato se vingou de Ana Paula Padrão.

Não foi uma entrevista. Foi um bombardeio. Só faltou mesmo uma pergunta sobre as fitas daquela suposto acusação de suborno, que Garotinho prometera liberar ao "Jornal Nacional", mas mudou de idéia.

Veja também o especial Eleições 2002


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