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Terça-feira, 15 de junho de 2004 13h19
João Paulo 2º pede desculpas pela Inquisição
da Folha Online

Conversas sobre julgamentos, bruxas queimadas e livros proibidos ecoaram no Vaticano nesta terça-feira, enquanto o papa João Paulo 2º pedia perdão pela Inquisição, quando a Igreja Católica torturou e matou pessoas consideradas heréticas.

O papa fez seu apelo em uma carta lida durante uma entrevista coletiva convocada para o lançamento de um livro sobre a Inquisição.

Ele repetiu uma frase de um documento de 2000, no qual pela primeira vez o papa pediu perdão pelos "erros cometidos a serviço da verdade por meio do uso de métodos que não têm relação com a palavra do Senhor".

A declaração refere-se à tortura, aos julgamentos sumários, às conversões forçadas e às fogueiras nas quais eram queimados os acusados de heresia.

Mas, na carta, o papa foi mais longe, dizendo que o pedido de perdão valia "tanto para os dramas relacionados com a Inquisição quanto para as feridas deixadas na memória [coletiva] depois daquilo".

O papa Gregório 9º criou a Inquisição em 1233 para combater a heresia, mas autoridades da Igreja Católica logo começaram a contar com autoridades civis para multar, prender, torturar e matar supostos heréticos. Ela atingiu um pico no século 16, como resposta à Reforma.

O livro de 800 páginas lançado nesta terça-feira baseia-se nos discursos feitos no simpósio acadêmico patrocinado pelo Vaticano seis anos atrás.

Mas a entrevista coletiva foi além disso.

Um mapa mostrou que a Alemanha registrou o maior número de "bruxos" e "bruxas" mortos por tribunais civis no começo do século 15.

Cerca de 25 mil pessoas da população de 16 milhões foram mortas.

Mas, em termos proporcionais, o recorde pertence a Liechtenstein, onde 300 pessoas, ou 10% dos 3.000 habitantes da região, foram mortas por bruxaria.

O professor Agostino Borromeo, editor do livro, disse que menos pessoas foram realmente mortas pela Inquisição do que geralmente se acredita.

Ele afirmou que apenas cerca de 1,8% das pessoas investigadas pela Inquisição espanhola foram mortas. Manequins foram queimados para representar os julgados à revelia e condenados à morte.

Os heréticos e bruxas que se arrependiam no último minutos eram estrangulados até morrer e depois seus corpos eram queimados. "Era considerada uma forma menos dolorida de morrer", afirmou.

Prisão perpétua

Uma das vítimas mais conhecidas era o astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642), condenado à prisão perpétua por defender que a Terra girava em torno do Sol. Ele foi reabilitado por João Paulo 2º em 1992.

O cardeal Georges Cottier foi questionado por que o Vaticano não condenou papas anteriores que permitiram a Inquisição.

"Quando pedimos perdão, não condenamos. Estamos todos condicionados pela mentalidade de nosso tempo. Daqui a 50 anos, podemos ser acusados de não ver certas coisas", disse.

Com agências internacionais

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