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Terça-feira, 12 de abril de 2005 14h28
Passado de papas envolve pecados obscuros
BEATRIZ LECUMBERR
da France Presse, no Vaticano

Guerreiros, ambiciosos, polígamos, infiéis, mafiosos e conspiradores: como o resto dos meros mortais, os papas do passado sucumbiram às tentações da carne e suas vidas não recordam em nada a imagem da santidade que se tenta dar aos sumos pontífices de hoje.

Às vésperas de os 115 cardeais se reunirem a portas fechadas para eleger o sucessor de João Paulo 2º, multiplicam-se as histórias sobre os papas que subornaram, enganaram e, inclusive, mataram para ocupar o trono de Pedro.

É sabido que os papas João 19 e Alexandre 6º, chamado o papa Bórgia, pagaram uma fortuna por sua nomeação. Mais astuto, Sixto 5º fingiu estar doente para que os cardeais, que desejavam um pontificado curto, o elegessem papa no final do século 16, cargo no qual se manteve durante anos com um vigor inusitado.

Lenda ou realidade, estas histórias mostram que a figura do papa foi se forjando com a passagem dos séculos exclusivamente pela mão do homem, já que, na Bíblia, não existe qualquer referência sobre a forma com que os pontífices devem ser eleitos ou a vida exemplar que deveriam levar.

O próprio Pedro, escolhido por Jesus Cristo na suposta tarefa de "edificar a igreja", era um pescador, um homem simples que deixou tudo para seguir seu mestre, mas que teve, ao que parece, ao menos uma filha.

A partir daí, as histórias ganham contornos bem menos honrados.

Envenenamento

Alexandre 6º envenenava sistematicamente os cardeais, teve nove filhos ilegítimos e, inclusive, cometeu incesto com sua filha Lucrécia. Adriano 2º foi nomeado papa apesar de ser casado e ter uma filha. Ambas foram posteriormente decapitadas.

Estevão 6º, papa de 896 a 897, fez com que um de seus predecessores, Formoso, fosse exumado para julgá-lo após sua morte, mutilar seu cadáver e jogá-lo no rio Tíber. Bento 9º conseguiu ser eleito papa três vezes, a primeira em 1032 e com apenas 12 anos de idade.

A lenda conta também que uma mulher ocupou o trono de Pedro no século 10. Trata-se da papisa Joana, que se fez passar por homem e foi eleita como João 8º.

Segundo alguns, morreu dando à luz, em meio a uma procissão em que a multidão a apedrejou, revoltada com a mentira.

Durante a Idade Média, quase nenhum papa morreu de morte natural e a maioria sucumbiu em guerras, envenenados, mortos de fome na prisão, queimados vivos, apunhalados ou apedrejados.

Outros tiveram mortes mais curiosas e terrivelmente banais: Benedito 11 morreu em 1304 comendo figos que lhe foram presenteados e Paulo 2º, em 1471, por uma indigestão causada por melões.

Os papas de hoje não travam Cruzadas ou são polígamos, mas a igreja é vítima de outros escândalos que mancham sua imagem de igual maneira, como a pedofilia no caso de padres americanos, o esquecimento do voto de pobreza e o afastamento dos caminhos do Evangelho.

Os conclaves também estão cheios de histórias e anedotas. O nome desta reunião nasceu no século 13º quando os cardeais se reuniram na cidade italiana de Viterbo durante três anos sem conseguir chegar a um acordo.

Cansados de esperar, os fiéis e as autoridades os trancaram com chave ["cum clave" em latim) e começaram a cortar o fornecimento de comida. Mortos de fome e de frio, escolheram logo Gregório 10 em 1271.

Apesar de a história estar cheia de intrigas para ser papa, também há casos de cardeais que tentaram evitar essa responsabilidade. Recentemente se recorda João Paulo 1º ou Pio 12, que, depois de serem eleitos, pediram aos cardeais que pensassem bem e repetissem a votação.

Por último, desde que João 2º escolheu seu próprio nome em 533, já que, na verdade se chamava Mercúrio, um nome pagão, todos começaram a fazê-lo.

João, Gregório e Clemente são os mais utilizados desde então e, casualmente, nenhum deles voltou a se chamar Pedro, talvez por não se considerarem dignos a usar um nome eleito por Jesus Cristo.

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