| | Notícias > | | Quarta-feira, 01 de outubro de 2003 21h24 Eduardo Jorge se filia ao PV e pode formar chapa com Erundina em 2004 CAMILO TOSCANO da Folha Online, em Brasília
Ex-secretário de Saúde da gestão Marta Suplicy (PT) em São Paulo, Eduardo Jorge, trocou na última segunda-feira (29) o PT pelo PV, após uma trajetória de atritos com a cúpula do partido por sua posição tida como "muito independente".
A Folha Online apurou que Jorge está disposto a apoiar a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) à sucessão de Marta, em 2004 --ele é cotado para ser vice da chapa. O ex-secretário estaria esperando um contato entre o PV e o PSB para definir seu apoio.
Jorge não se pronunciou oficialmente e nega um motivo eleitoreiro na troca de legenda. Após insistência da reportagem, deu uma declaração explicando os motivos que o levaram a deixar o partido que ajudou a fundar há 23 anos e pelo qual exerceu quatro mandatos como deputado federal (entre 1986 e 2000).
"Quero viver uma experiência política nova, que me permita combinar socialismo, democracia, ecologia e pacifismo. Acho que o PV tem melhores condições de abrigar essa alquimia política do que o PT, embora reconheça o passado, o presente e o futuro do PT para o Brasil", afirmou à Folha Online.
PT e PSDB
Em sua declaração, Jorge disse que somente uma aliança entre o PT e o PSDB abrirá espaço para uma governo reformista e popular no país.
"Do ponto de vista político, pretendo continuar defendendo a tese de que só haverá um governo reformista e popular no Brasil, livre da dependência dos partidos reacionários e dos políticos corruptos, se houver entendimento entre PT e PSDB", disse.
Segundo ele, petistas e tucanos hoje "brigam muito mais pela ocupação dos espaços políticos de poder do que por diferenças programáticas". Nesse cenário, PV, PSB e PPS dariam sua contribuição trabalhando em conjunto com esses dois partidos.
Trajetória
Médico sanitarista, Eduardo Jorge foi deputado constituinte e, desde então, tem como principal bandeira a defesa do SUS (Sistema Único de Saúde). Por sua atuação na área, foi nomeado secretário de Saúde por Erundina (1989-1992, na época no PT) e por Marta.
As divergências com a direção petista começaram quando o deputado propôs uma aliança entre o PT e o PSDB para a disputa do governo de São Paulo em 1994. Na época, o candidato tucano era Mário Covas (morto em 2001), que Jorge queria apoiar. A aliança não saiu e o candidato petista acabou sendo o atual ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), defendeu a aprovação da CPMF (Cobrança Provisória sobre Movimentação Financeira), com verbas destinadas à Saúde, e da reforma da Previdência. Chegou a ser suspenso pelo PT por ter votado a favor da CPMF.
Recentemente, entrou em choque com a direção petista ao divulgar nota, já como secretário de Saúde de Marta, criticando declarações sobre o SUS dos então candidatos ao governo do Estado Geraldo Alckmin (PSDB) e José Genoino (PT) --ambos disputavam o segundo turno.
O episódio deixou sequelas e, em fevereiro deste ano, Jorge acabou deixando o cargo de secretário da Saúde.
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