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Quarta-feira, 04 de agosto de 2004 06h10
Candidato doa a Marta mais do que recebe
CHICO DE GOIS
da Folha de S.Paulo

A prefeita Marta Suplicy (PT) recebeu R$ 30 mil de doação para sua campanha à Prefeitura de São Paulo, em 2000, de um candidato a vereador que gastou apenas R$ 7.500 em sua própria campanha. A doação foi uma das maiores feitas por pessoas físicas.

O doador apresentou-se como sócio de três empresas, duas das quais já não estavam mais em seu nome --uma era inativa e da outra ele havia se desligado seis meses antes de entregar sua declaração de bens à Justiça Eleitoral.

Lael Sampaio de Araújo, o candidato-doador, também figura como sócio de uma empresa de distribuição de petróleo que teria como parceira uma companhia com sede nas ilhas Guernsey, um paraíso fiscal ao lado das ilhas Jersey, nas quais promotores acusam o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) de ter depositado US$ 200 milhões. Maluf nega que tenha contas no exterior.

Araújo concorreu a uma vaga na Câmara Municipal pelo PSB e obteve 1.437 votos. Ele já foi candidato a deputado federal pelo PMDB, em 1994, e a deputado estadual, em 1998, pelo PSB. Nesta eleição, obteve 3.159 votos.

A doação de R$ 30 mil para a campanha de Marta aconteceu, segundo a prestação de contas da candidata, em 2 de outubro de 2000, um dia depois do primeiro turno da eleição. Segundo Araújo, foi feita em forma de painéis de outdoor, que ele havia recebido de amigos, mas que não pôde usar por questões financeiras, apesar de declarar ao TRE ter um patrimônio de R$ 650 mil.

O presidente do diretório municipal do PT e coordenador da campanha de Marta à prefeitura, Ítalo Cardoso, afirmou que o partido "emitiu recibo de tudo o que foi recebido". Ele disse que "não há problema" na doação. A prestação de contas da campanha de 2000 de Marta foi aprovada pela Justiça Eleitoral.

A única doação para a campanha de Araújo foi da Drogaria Onofre. Segundo dados do TRE, a empresa doou R$ 7.500. Na prestação de contas, não há informação de gastos com publicidade.

Declaração de bens

Na declaração de bens entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em 27 de julho de 2000, Araújo afirmou ter participação acionária nas seguintes empresas: Lael Sampaio Comércio de Motocicletas (R$ 50 mil); Hamilton Fox Distribuidora de Petróleo (R$ 300 mil); Hamilton Fox Terminais e Armazéns (R$ 100 mil) e ativos financeiros (R$ 200 mil).

Um de seus ex-sócios, ouvido pela Folha, desmentiu o valor dos ativos das empresas de petróleo e de armazéns gerais anotado nas declarações prestadas ao TRE. E a empresa de motocicletas está desativada há anos. No local onde ela deveria funcionar, existe um bar há pelo menos sete anos, de acordo com vizinhos.

Araújo se equivoca, por exemplo, ao declarar que em 27 de julho de 2000 era sócio da Hamilton Fox Terminais e Armazéns. De acordo com dados da Junta Comercial de São Paulo, ele retirou-se da sociedade no dia 13 de janeiro de 2000. O valor de sua parte, repassada a PAL Representações e Participações, era de R$ 6.000, segundo anotações da Junta Comercial, e não de R$ 100 mil, como ele anotou.

Na Hamilton Fox Distribuidora de Petróleo, também de acordo com a Junta Comercial, Araújo foi admitido na sociedade em 30 de setembro de 1999. Teria comprado a parte de José Marcelo de Santana por R$ 300 mil, conforme está anotado na Junta Comercial. Porém Santana negou que tenha vendido sua parte por R$ 300 mil.

"Não lembro mais quanto foi, mas não foi R$ 300 mil de jeito nenhum." Santana mora em Sobradinho, cidade-satélite de Brasília, em uma casa simples, sem mordomias, e trabalha em um escritório de advocacia.

O endereço da Hamilton Fox em Guernsey é de um escritório de advocacia chamado Ozannes, em Guernsey, conforme sua página na internet. O escritório é especializado em offshore.

Pessoas que conhecem Araújo também questionam suas afirmações ao TRE. A Folha ouviu pelo menos cinco pessoas que conhecem o candidato-doador e de todos ouviu a mesma exclamação de surpresa ao saber de seu patrimônio e da doação.

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