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Terça-feira, 03 de fevereiro de 2004 07h31
EUA inauguram a genômica por atacado
da Folha de S.Paulo

Foi-se o tempo em que decifrar o genoma de um organismo era um desafio e tanto. Agora os cientistas já agarram um punhado deles de uma vez e trabalham em todos ao mesmo tempo. Está iniciada a era da genômica por atacado.

O primeiro resultado positivo dessa nova estratégia para estudos do material hereditário de seres vivos teve como objeto os resíduos tóxicos deixados por uma velha mina californiana. A partir de amostras de um lodo rosado que os cientistas têm a delicadeza de chamar de "biofilme", foi possível catalogar dois genomas completos e ainda pedaços de outros três, cujos donos eram bactérias e micróbios extremófilos.

A chamada genômica ambiental tem por objetivo entender não o funcionamento de um organismo, mas de uma coleção deles interagindo entre si. Os cientistas buscam fazer isso despedaçando o DNA dos seres vivos na própria amostra e então decifrando as letras genéticas contidas em cada um dos pequenos trechos. Depois disso, juntam tudo no computador, montando um verdadeiro quebra-cabeças genômico.

A técnica é basicamente a mesma que fez com que a empresa americana Celera pudesse, de forma incomodamente célere, obter uma seqüência mais ou menos completa de todo o DNA humano. Com a diferença de que agora as peças de DNA não só estariam embaralhadas, como também pertenceriam a vários quebra-cabeças diferentes.

Apesar de a genômica ambiental parecer ser uma boa idéia, como se pode imaginar, em princípio, não é fácil de executar. Se a amostra a ser analisada contiver milhares de organismos diferentes, há uma dificuldade natural de recompor o quebra-cabeças após a leitura das seqüências de DNA.

A sorte dos cientistas liderados por Jillian Banfield, da Universidade da Califórnia em Berkeley, foi que a amostra de efluentes ácidos analisada tinha um pequeno número de organismos. "Obtivemos a primeira reconstrução de múltiplos genomas diretamente de uma amostra natural", escreveram os cientistas em seu artigo, que foi publicado anteontem, eletronicamente, pela revista científica "Nature" (www.nature.com).

"Os resultados fornecem novos lampejos sobre a estrutura da comunidade e revelam as estratégias que marcam a atividade microbiana nesse ambiente", dizem.

Mais que oferecer novas e inéditas informações sobre efluentes tóxicos provenientes de minas --um problema ambiental presente no mundo todo--, os pesquisadores abriram a porta, ainda que timidamente, para o que pode ser uma revolução genômica.

"A reconstrução dos genomas foi facilitada pelo fato de que a comunidade era dominada por populações de poucas espécies distintas", escrevem. "Entretanto, mesmo em ambientes mais complexos, deve ser possível ampliar [a técnica] para recuperar os genomas de espécies e linhagens não-cultivadas."

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