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Quinta-feira, 06 de maio de 2004 09h31
Estudo rastreia fábrica celular de insulina
SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Os defensores da idéia de que células-tronco extraídas de adultos podem substituir por completo as obtidas a partir de embriões levam hoje um golpe no pâncreas. Uma pesquisa norte-americana mostrou que células-tronco adultas não podem produzir as unidades fabricantes de insulina no corpo, como antes se pensava.

Toda vez que um indivíduo consome um alimento com açúcar, um grupo de células pancreáticas detecta o excesso no sangue e inicia a produção de insulina. Essa substância, por sua vez, serve como um "alerta" para o corpo, indicando que o açúcar deve ser armazenado para uso futuro.

No caso dos pacientes com diabetes tipo 1, o sistema imunológico tem uma pane genética e começa a destruir as células-beta, responsáveis pela fabricação de insulina. O resultado é que o indivíduo precisa receber injeções regulares da substância para seguir processando o açúcar no sangue.

Um fator crucial no desenvolvimento de tratamentos e formas de curar a doença é entender como essas fábricas de insulina são formadas no organismo. Os cientistas inicialmente imaginavam que havia no pâncreas algumas células-tronco adultas (unidades capazes de se converter em vários tipos de tecido) responsáveis pelo surgimento de células-beta.

Era muito difícil, no entanto, observar isso acontecendo. E foi esse o grande salto técnico obtido pelo grupo de Douglas Melton, do Instituto Médico Howard Hughes, da Universidade Harvard.

O experimento foi feito com camundongos. Os cientistas criaram uma versão geneticamente modificada dos bichinhos, com uma alteração num gene que só é ativado em células-beta e que, sob a ação de um hormônio sintético, serve como um "marcador", tornando possível "rastrear" o paradeiro de cada uma das células.

Acompanhando os roedores por um ano inteiro, a equipe de Harvard constatou que novas células-beta não surgiam de células-tronco adultas. Em vez disso, duplicam-se com um mecanismo ainda mais simples --dividem-se elas mesmas.

Claro, ainda resta saber se homens são como camundongos. Mas a tendência é que sejam. "Há muitos aspectos do desenvolvimento pancreático de humanos e camundongos que são similares. Os pâncreas humanos são maiores e têm de viver muito mais, mas as funções do órgão são idênticas, até onde sabemos", diz Kenneth Zaret, pesquisador do Fox Chase Cancer Center que comentou o estudo na mesma edição em que ele foi publicado, hoje, na revista científica britânica "Nature".

No artigo original, os cientistas enfatizam que quaisquer estratégias para futuros tratamentos devem, portanto, se concentrar ou no uso de células-beta já totalmente desenvolvidas ou na aplicação de células-tronco obtidas a partir de embriões --cuja plasticidade seria superior à das extraídas de adultos. Segundo Zaret, já houve experimentos promissores com transplantes de células-beta de cadáveres para diabéticos.

Em todo caso, o sucesso não é para hoje. "Não há dúvida de que aplicações médicas concretas vão levar tempo", diz Zaret.

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