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Quarta-feira, 12 de janeiro de 2005 16h11
Vegetal na dieta não evita tumor, diz estudo
SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Contrariando estudos anteriores, a maior pesquisa do gênero já feita concluiu: não há indício de que o consumo de frutas e verduras reduza o risco de câncer de mama. O estudo, europeu, foi conduzido com 285.526 mulheres com idade entre 25 e 70 anos.

Em compensação, uma outra pesquisa, feita nos EUA com 148.610 adultos entre os 50 e os 74 anos de idade, confirmou que o consumo de carne vermelha e carne em conserva leva a um risco aumentado de câncer de cólon.

A pesquisa dos vegetais foi coordenada por Carla H. van Gils, do Centro Médico Universitário de Utrecht, na Holanda, e contou com participantes de dez países da Europa, indo de norte a sul, portanto abrangendo grande variedade de consumo de vegetais.

Para coletar os dados, as mulheres tiveram de responder a um questionário sobre hábitos alimentares no período entre 1992 e 1998 e, então, foram acompanhadas para que se verificasse a incidência de câncer no grupo até 2002.

Já o estudo dos riscos aumentados da carne --que segue o resultado típico de outros realizados anteriormente com metodologia semelhante-- foi feito em 21 Estados dos EUA e coordenado por Ann Chao, da Sociedade Americana de Câncer, em Atlanta.

Os resultados dos dois estudos, e de um terceiro que aponta que níveis elevados de glicose e diabetes são fatores de risco para vários tipos de tumor, saem hoje na revista da Associação Médica Americana (www.jama.com).

O resultado mais impressionante veio da pesquisa européia. Segundo Walter Willett, pesquisador da Escola de Saúde Pública de Harvard, em Boston (EUA), que assina um editorial na mesma edição do "Jama" para discutir as descobertas, as conclusões vêm de "estudos prospectivos grandes e bem conduzidos", que acompanham outros avanços no campo.

"Em relatório recente combinando dois grupos grandes, nenhuma relação foi observada entre o consumo total de frutas e verduras e a incidência geral de câncer."

Os pesquisadores que conduziram o estudo são categóricos. "Apesar de o período de acompanhamento ser limitado até o momento, os resultados sugerem que o consumo geral ou específico de verduras e frutas não está associado a [variações no] risco de câncer de mama", escreveram os autores europeus.

Os resultados fazem parte de um projeto europeu ainda mais abrangente de estudo de câncer, que conta com quase 520 mil voluntários inscritos e é financiado por diversas instituições públicas ligadas à saúde na UE.

Lacunas

Apesar de a metodologia dos estudos ser adequada, os resultados podem ser influenciados por fatores aos quais as pesquisas não dizem respeito e levar a conclusões precipitadas, afirmam alguns médicos.

"Esses estudos epidemiológicos não levam em conta outros fatores que podem ser determinantes", diz Agnaldo Anelli, um oncologista clínico de São Paulo.

Ele adverte: "Eu encararia os resultados com certa cautela. Eles não contam o histórico genético, familiar, os fatores ambientais, efeitos de radiação ionizante, várias coisas que sabidamente estão ligadas à ocorrência de câncer".

Alguns médicos também criticam a obtenção de respostas por meio de questionários. E, segundo Antonio Frasson, do Hospital Albert Einstein e professor da PUC (Universidade Pontifícia Católica) do Rio Grande do Sul, cinco anos de acompanhamento é um tempo curto para avaliar o impacto da alimentação nos riscos para câncer da mama.

"Ainda que tenham sido tomados vários cuidados metodológicos, é um estudo muito complexo, que envolve pessoas com hábitos de vida e de alimentação muito diferentes", diz Frasson.

Para o mastologista José Luiz Bevilacqua, do hospital Sírio Libanês, outros estudos menores já haviam demonstrado que não há impacto significativo do tipo de alimentação em relação ao risco para câncer da mama. "É um estudo importante pelo tamanho da população analisada. É bem desenhado e bem controlado", diz.

Porém, Anelli, Frasson e Bevilacqua reforçam que uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes é importante para a qualidade de vida, prevenindo ou não o câncer, no que Willett concorda.

"Embora as descobertas possam ser decepcionantes, as reduções em pressão sangüínea e a evidência epidemiológica para riscos menores de doenças cardiovasculares oferecem razão suficiente para consumir esses alimentos em abundância", escreve Willett.

Colaborou Cláudia Collucci, da Reportagem Local

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