| | Notícias > | | Segunda-feira, 28 de fevereiro de 2005 12h33 Psicólogos estudam em macacos diferenças homem/mulher no envelhecimento da Agência Lusa Psicólogos norte-americanos estudaram o comportamento de macacos para tentar esclarecer as causas das diferenças entre homens e mulheres em matéria de declínio cognitivo relacionado com a idade.
"Quando falamos de envelhecimento, as mulheres podem ter mais uma razão para estar agradecidas", diz a endocrinologista Agnès Lacreuse, responsável por um estudo publicado na última edição da revista "Behavioral Neuroscience".
O estudo, feito com macacos rhesus foi realizado no Yerkes National Primate Research, da Universidade de Emory, de Atlanta (Geórgia).
Ao observarem que a memória espacial, responsável pela fixação de informações sobre orientação espacial, declinava mais nos machos do que nas fêmeas em macacos idosos, a equipe de pesquisadores concluiu que o sexo da espécie pode influenciar o declínio cognitivo vinculado à idade.
A descoberta, segundo a coordenadora da pesquisa, poderá ter implicações no desenvolvimento de terapias específicas para cada sexo que ajudem os seres humanos a prevenir a perda de memória ligada ao envelhecimento.
"Considerando que a memória espacial é sensível a diferenças de sexos nos primatas humanos e não humanos, decidimos esclarecer por que razão o envelhecimento cognitivo varia entre os sexos", explicou Agnès Lacreuse.
Segundo a pesquisadora, estas diferenças entre sexos são pouco estudadas nos seres humanos e, quando o são, os resultados obtidos são inconsistentes.
E isso porque no estudo em seres humanos intervêm fatores que a confundem e complicam, como os medicamentos, as dietas, os estilos de vida, a educação e a cultura.
Pelo contrário, os macacos não estão sob a influência de nenhum desses fatores próprios da modernidade e da civilização.
Além disso, explicou Agnès Lacreuse, "os macacos são bons modelos do envelhecimento humano por serem semelhantes nas suas características endócrinas, cognitivas e neurológicas".
Especificamente, o estudo concluiu que os macacos jovens e adultos têm melhor memória espacial do que as fêmeas e que esta chega ao seu máximo muito cedo na vida do macho.
Porém, na análise de grupos mais velhos de macacos machos, observou-se uma brusca baixa de rendimento nessa memória espacial.
Como resultado, ao chegarem à idade adulta, machos e fêmeas têm uma capacidade intelectual semelhante.
Segundo Lacreuse, o estudo levou em conta alguns trabalhos segundo os quais os homens sofrem maior declínio cognitivo que as mulheres.
Para os investigadores, é possível que esse declínio intelectual se deva ao nível da testosterona, que diminui à medida que os homens envelhecem e afeta a memória espacial nos seres humanos machos.
Nesse sentido, assinalam, é possível que esse hormônio tenha uma relação direta com o hipocampo, um setor do cérebro associado à memória espacial.
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