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Quinta-feira, 31 de março de 2005 09h26
Total de embriões congelados no Brasil é um décimo do previsto
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Censo realizado pela SBRA (Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida) revela a existência de 9.914 embriões congelados nas 15 maiores clínicas de reprodução brasileiras. Desses, 3.219 estão congelados há mais de três anos, critério essencial para a utilização em pesquisas com células-tronco (CTs) embrionárias aprovadas pela Lei de Biossegurança.

O número representa, no máximo, um décimo do estimado pelos cientistas durante a tramitação da lei no Senado, em 2004. No ano passado, eles previram contar com 30 mil embriões nessas condições. Hoje, eles próprios admitem que o número foi "chutado" por pesquisadores envolvidos nas pressões para que as pesquisas fossem aprovadas no Congresso.

"Não acho que era essa [30 mil] a expectativa real de toda a comunidade científica. Sem dúvida, 3.000 é muito menos [do que se imaginava], mas é um excelente começo", afirma a geneticista Lygia da Veiga Pereira, do Centro de Estudos do Genoma Humano, da USP de São Paulo.

Segundo a ginecologista Maria do Carmo Borges, presidente da SBRA, ainda não se sabe quantos dos embriões congelados há mais de três anos estariam disponíveis para a pesquisa. Ainda é preciso que os progenitores desses embriões formalizem a doação.

Para fazer o levantamento, foram enviados questionários para 45 clínicas de reprodução filiadas à Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida. Dessas, 15 responderam à solicitação.

Apesar de a amostragem representar apenas 33% das centros de reprodução, a médica considera o número "bem próximo do real" porque, em geral, só as maiores clínicas congelam embriões. "É o único número oficial que existe. E [os dados] foram passados pelas maiores clínicas brasileiras."

Consentimento

A orientação da sociedade é que, a partir de agora, o termo de consentimento assinado pelos casais inclua a opção de doação do embrião para pesquisa. Em geral, dos atuais termos constam a doação para um outro casal ou a manutenção do congelamento.

A clínica Fertility é uma das exceções. Há cinco anos, o termo de consentimento informado elenca uma série de situações, entre elas a doação dos embriões para pesquisa e o que o casal pretende fazer com esse material em caso de morte ou separação dos cônjuges.

Segundo Edson Borges Júnior, independentemente desse termo, os casais serão novamente procurados para reforçar a sua opção pela doação. No caso de embriões "órfãos" (que foram abandonados nas clínicas), ele afirma que poderá utilizar apenas o primeiro termo assinado. Ele tem 250 embriões nessa situação.

Antes de entregar os embriões para a pesquisa, o médico Eduardo Motta, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que irá se certificar sobre a idoneidade dos grupos científicos e vai priorizar aqueles que desenvolvam pesquisas com linhagens de células reprodutivas. "Não vou doar para o primeiro cara que aparecer", diz.

Para Lygia Pereira, será fundamental estabelecer parcerias entre os grupos científicos interessados em estabelecer as linhagens celulares e as clínicas. "Além do mais, as clínicas estão muito mais capacitadas para cultivar esses embriões do que os laboratórios acadêmicos", afirma.

Na sua opinião, antes de começar a colocar os embriões em cultura para tentar obter células-tronco embrionárias, os grupos precisam demonstrar experiência prévia com a manipulação dos embriões. "O cultivo das CTs embrionárias não é nada trivial. É muito diferente da cultura de células tradicional."

O laboratório de Pereira é um dos centros habilitados a trabalhar com células-tronco embrionárias humanas. Ela já desenvolve pesquisas com células de camundongo e com células humanas importadas dos Estados Unidos.

Para o urologista Roger Abdelmassih, os cientistas devem se surpreender com a má qualidade dos embriões congelados. "Tem muita porcaria que não vai servir."

Na avaliação de Lygia Pereira, os cientistas já contam com uma perda significativa com o processo de descongelamento dos embriões. "Dos sobreviventes, só um parte conseguirá se desenvolver. Por isso, é importante que essa pesquisa comece de forma responsável, para não desperdiçarmos os poucos recursos que temos aqui no Brasil."

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