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Quinta-feira, 21 de julho de 2005 09h27
Agência Espacial Brasileira quer gastar R$ 600 mi em Alcântara
RICARDO BONALUME NETO
do enviado especial da Folha de S.Paulo a Fortaleza

Depois de estar em preparação por cerca de um ano, a licitação para as obras de infra-estrutura do Centro Espacial de Alcântara (MA) deverá ser divulgada no começo de agosto, segundo declarou o presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Sérgio Gaudenzi, durante a 57ª reunião anual da SBPC (Associação Brasileira para o Progresso da Ciência), em Fortaleza, no Ceará.

Serão cerca de R$ 600 milhões para serem gastos em cinco anos, segundo Gaudenzi. As prioridades envolvem obras ligadas diretamente ao lançamento de foguetes, como as pistas de acesso, e também um porto, para onde vão chegar, de navio, foguetes fabricados na Ucrânia.

As obras devem começar provavelmente no final do ano e incluem oficinas, estradas, pista de pouso e sistemas de coleta de lixo e esgoto e de distribuição de água, além da recuperação de moradias e construção de um hospital. "O centro como um todo deverá ter entre 12 mil e 15 mil pessoas", diz o presidente da AEB.

"Vai mais que dobrar a população de Alcântara", diz ele. O tema da sua conferência era: "Centro Espacial de Alcântara: Atividade Civil ou Base Militar?". Hoje cerca de 10% da área de 620 quilômetros quadrados do centro está em uso por militares da Aeronáutica, que desenvolve programas de foguetes lançadores de satélites. O plano é manter essa base, mas adicionar uma área civil para exploração comercial do espaço.

Gaudenzi comentou também que a agência está solicitando o dobro de verba para o programa espacial no ano que vem, passando de cerca de US$ 100 milhões para US$ 200 milhões, "para recuperar o tempo perdido".

A AEB também está em negociações com os russos para enviar o astronauta brasileiro à estação espacial internacional, a um custo entre US$ 12 milhões e US$ 15 milhões, em abril ou maio de 2006. O astronauta poderia levar 15 quilos de experimentos científicos e trazer cinco quilos de volta.

Nova função

Uma nova atribuição da agência fará com que a verba tenha que de fato aumentar. A AEB passará a cuidar das futuras necessidades de satélites geoestacionários de comunicação, algo que até agora era responsabilidade do Ministério das Comunicações.

A chamada Missão Espacial Completa Brasileira começou nos anos 80 do século passado e teve uma série de atrasos, além de fracassos de lançamento do VLS (Veículo Lançador de Satélites), o último dos quais com 21 mortes em um incêndio.

Segundo Gaudenzi, o novo documento que guia o planejamento do programa espacial "inverteu a lógica" do setor. É a nova versão do PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais), aprovada em fevereiro passado.

"Partimos do que precisamos, racionalizando", diz ele. Por exemplo, não haverá mais satélites isolados de coletas de dados --todos os satélites futuros terão essa capacidade adicional. "E a segunda conclusão foi que precisamos ter um centro de lançamento com área comercial, que trouxesse recursos", completa Gaudenzi.

A insistência no passado em desenvolver paralelamente satélite (pelo Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e lançador (pelo CTA, Centro Técnico Aeroespacial, da Aeronáutica) atrasou o programa. "Dois burros amarrados andam mais devagar", disse, no mesmo simpósio, Décio Ceballos, do Inpe.

"Cabeças rolaram em 1985, quando se sugeriu criar uma agência espacial. E de novo em 1989, quando se sugeriu lançar o satélite sem o VLS", disse José Raimundo Braga Coelho, que coordenou os satélites do programa sino-brasileiro Cbers de sensoriamento remoto.

Ironicamente, depois se criou a agência, e o primeiro satélite do Inpe foi ao espaço por um lançador americano.

Braga Coelho comenta que a equipe técnica da série Cbers continua a mesma desde o começo do programa, ficando cada vez mais velha e sem renovação. Estão previstos mais três lançamentos de satélites da série, possivelmente em 2007, 2008 e 2010, segundo Gaudenzi.

"Essa gama toda de atividades não vai dar certo sem pessoal", diz Braga Coelho. "Não vamos construir coisíssima alguma sem resolver essa situação."

"Esse é o nó maior do sistema: recursos humanos", concorda Gaudenzi.

Especial
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