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Segunda-feira, 15 de agosto de 2005 09h46
Afastamento por câncer da pele aumenta 55% em cinco anos
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

O câncer da pele, doença muitas vezes associada ao excesso de sol na praia, começa a figurar como importante causa de afastamento do trabalho.

Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 55% no número de benefícios concedidos por incapacidade provocada por esse tipo de câncer.

Em 2000, ocorreram 1.438 afastamentos por câncer da pele. Em 2004, esse número saltou para 2.282, segundo dados do Ministério da Previdência Social. Ainda não foram compilados dados sobre o tipo de profissão com mais incidência do câncer ou o perfil dos trabalhadores doentes.

Embora seja o tipo de tumor mais freqüente no país --responde por 25% de todos os casos--, não há normas no Brasil que obriguem os empregadores a fornecer o filtro solar ou roupas que protejam os trabalhadores da radiação ultravioleta do sol.

"Há muitas barreiras que teremos de derrubar. A primeira será obrigar os empregadores a fornecerem o protetor solar. Mas só isso não será suficiente. Teremos que convencer o trabalhador a utilizá-lo de forma correta", afirma Rinaldo Costa Lima, diretor do departamento de segurança e saúde do Ministério do Trabalho.

Os números da Previdência Social representam apenas a ponta do iceberg, pois a grande maioria dos trabalhadores está hoje no mercado informal, lembra Mauro Daffre, presidente da ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes).

"Existe muita subnotificação e desinformação. Os trabalhadores, em especial os do meio rural, não costumam procurar os serviços de saúde quando o câncer aparece porque o consideram apenas uma pinta", diz Daffre.

Vítimas idosas

Segundo o médico Carlos Eduardo Alves dos Santos, chefe do serviço de dermatologia do Inca (Instituto Nacional do Câncer), na maioria dos casos, o câncer da pele se manifesta quando a pessoa já está aposentada.

"A vítima desse câncer é, em geral, mais idosa. E, quase sempre, trabalhou sob o sol. São trabalhadores rurais, garis, pescadores, marinheiros", relata.

É o caso do aposentado Antônio Manoel Natalini, 65, de Barretos (SP), que trabalhou quase 30 anos em laranjais e canaviais no interior do Estado.

Neto de italianos, ele conta que demorou para descobrir que uma pinta próxima à orelha, que apareceu por volta dos 60 anos, era um carcinoma basocelular, o tipo mais freqüente de câncer da pele.

Ferida

"Começou com uma pinta e depois virou uma ferida. Como não sarava, fui ao posto de saúde e lá descobriram (o câncer)", conta.

Por causa do estágio avançado, o tumor atingiu a cartilagem da orelha do aposentado, que foi parcialmente amputada.

Também ficou com uma deformação facial no lado esquerdo. "Ainda bem que foi só isso", diz Natalini.

Assim como "Toninho", apelido do aposentado, outros 56.420 homens e 56.600 mulheres devem ser afetados neste ano pelo câncer da pele não-melanoma --de baixa letalidade, mas que pode levar a deformidades físicas--, segundo estimativas do Inca.

Outras mil pessoas não terão a mesma "sorte" e devem morrer em razão desse tipo de tumor, que pode ser prevenido em quase 100% dos casos quando diagnosticado precocemente, segundo os médicos.

Para Santos, do Inca, é preciso intensificar as campanhas sobre a importância do uso de roupas seguras, que protejam a pele da radiação ultravioleta.

"Incentivar o uso do filtro solar não tem muito retorno porque o produto é ainda muito caro, inacessível à maioria da população brasileira", diz.

Filtro grátis

A partir do próximo mês, a Furp (Fundação para o Remédio Popular), órgão do governo estadual, começa a produzir filtro solar para ser distribuído em serviços públicos de dermatologia do Estado de São Paulo.

O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a regional paulista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Segundo o dermatologista Marcus Maia, professor da clínica de dermatologia da Santa Casa, que ajudou na elaboração do projeto, o público alvo será gente que já teve câncer da pele ou que tem sérios riscos de contraí-lo, como trabalhadores de pele clara que atuam expostos ao sol por longos períodos.

A produção de filtro solar prevista é de 20 mil frascos por mês, que serão distribuídos em 20 serviços de saúde no Estado.

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