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Quinta-feira, 27 de outubro de 2005 09h51
Novo mapa mostra diferenças genéticas entre seres humanos
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

A mais nova promessa da decifração do material genético humano levou quase três anos, exigiu a atenção de cerca de 200 cientistas de vários países para ser feita, e está hoje descrita em artigo na revista científica "Nature".

Mas esse novo "mapa" mostrando as diferenças genéticas entre seres humanos já provou ser uma ferramenta capaz de facilitar em muito o entendimento das causas de doenças comuns e complexas como as cardiovasculares, os cânceres e o diabetes.

E assim como aconteceu com todas as novidades na área do genoma, o conjunto do material genético, há cientistas lembrando que convém ter cautela e não esperar nenhum resultado milagroso disponível rapidamente para qualquer clínica médica.

Seqüenciar, isto é, "soletrar" as letras do código genético de um ser vivo, dá boas pistas sobre como ele é de modo básico. É como um manual de instruções, mas que não chega a explicar como fabricar ou reparar o objeto. Pois cada ser vivo é um indivíduo único, e essas diferenças estão freqüentemente por trás da capacidade ou não de resistir ou contrair doenças, de o organismo aceitar ou recusar um tratamento.

O Projeto Genoma, que seqüenciou o DNA do Homo sapiens, produziu dados sobre um ser humano genérico, virtual. Comparando-o com genomas de outros seres vivos, logo de cara serviu para mostrar o que o homem tem em comum com eles. Há genes tão fundamentais que se mantiveram os mesmos por centenas de milhões de anos.

Mas cada um dos mais de 6 bilhões de humanos é um indivíduo diferente --tendo em comum com outros 99,9% do DNA. Só que o 0,1% que nos diferencia pode não só fazer um nariz maior ou menor, mas também estar na origem de um câncer contraído aos sete ou aos 70 anos de idade --ou não, pois o resultado depende também de fatores ambientais.

Questões como essas levaram uma equipe de cientistas a criar em 27 de outubro de 2002 o projeto "HapMap" --apa do "haplótipo". O material genético, os genes, fica em estruturas chamadas cromossomos. Cada pessoa tem duas cópias dos cromossomos (menos os cromossomos sexuais; mulheres têm dois iguais, XX; homens têm um X e um Y). Cada forma alternativa de um gene --uma para cada cromossomo-- é chamada de "alelo".

Pois haplótipos são grupos de alelos situados em regiões próximas nos cromossomos. Um "mapa" mostrando a variação dos haplótipos permite aos pesquisadores comparar grupos de pessoas afetadas por uma doença com outras sadias e checar quais genes afetariam a doença.

Para fazer a primeira versão do mapa foi preciso estudar o DNA de 269 pessoas de partes variadas do planeta --Nigéria, China, Japão e EUA. A coordenação do estudo foi feita por Peter Donnelly, da Universidade de Oxford, Reino Unido, e David Altshuler, da Universidade Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), EUA.

Usando dados do projeto, pesquisadores já publicaram em março passado na revista especializada "Science" artigos mostrando como uma variação genética aumenta o risco de problemas de visão em pessoas idosas. Na reunião da Sociedade Americana de Genética Humana, ocorrendo esta semana em Salt Lake City, há mais de 70 trabalhos usando dados do projeto HapMap.

Um resultado preliminar mostra que genes ligados à defesa do organismo e a processos neurológicos são mais diversos do que aqueles envolvidos em divisão celular ou reparos do DNA. A descoberta é explicável pela evolução. Processos biológicos fundamentais não tendem a mudar tanto quanto aqueles ligados a interações com o ambiente.

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